Mostra gratuita abre no dia 15 de novembro, na Fábrica de Cultura de Iguape, e convida o público a refletir sobre os tambores afro-brasileiros como arquivos vivos da espiritualidade e da cultura popular.
Iguape (SP), novembro de 2025 — A cidade de Iguape recebe, no dia 15 de novembro, a abertura da exposição “Atabaque: da árvore à escassez da madeira, o couro repousa protegido perpetuado nos terreiros e tablados”, idealizada e com curadoria de Jéssica Martins, coordenadora do Projeto Omodé.
A mostra segue em cartaz até 15 de dezembro de 2025, na Fábrica de Cultura de Iguape – Unidade Correio, com entrada gratuita. O projeto conta com apoio do Fomento Cultura SP (PROAC) nº 26/2024, na linha de Circulação de Exposição de Artes Visuais, e percorre diferentes cidades do Estado de São Paulo com o objetivo de valorizar os atabaques como símbolos de resistência, espiritualidade e herança afro-brasileira.
O som que resistiu ao silêncio
Durante décadas, tambores e atabaques foram apreendidos e silenciados como parte da repressão sistemática às religiões afro-brasileiras.
Entre as décadas de 1920 e 1930, mesmo com o Estado laico já estabelecido, Umbanda e Candomblé foram criminalizados, e centenas de objetos sagrados foram confiscados e mantidos como “provas de crime”.
Somente em 2021, após a mobilização do movimento “Liberte Nosso Sagrado”, 519 peças foram transferidas do Museu da Polícia do Rio de Janeiro para o Museu da República, sendo finalmente reconhecidas como patrimônio histórico e espiritual.
É a partir desse contexto que a exposição “Atabaque” propõe uma escuta sensível: uma experiência que relaciona corpo, fé e território, onde o som do tambor ecoa como memória, resistência e cultura viva.
Curadoria e proposta
Com direção artística de Jéssica Martins, a mostra apresenta instrumentos, registros fotográficos, textos e instalações que dialogam com a escassez das matérias-primas — como madeira e couro — e a importância do manejo sustentável aliado ao respeito às tradições.
“O atabaque é mais do que um instrumento. É um elo entre a natureza e a ancestralidade, entre o corpo que dança e a fé que resiste. Essa exposição propõe uma escuta sensível e um convite para compreender o tambor como símbolo de resistência e espiritualidade viva”, destaca Nayla Tebas, produtora local do Projeto Omodé.
A exposição convida o público a refletir sobre o papel dos tambores nas religiões afro-brasileiras, mas também sobre as relações entre arte, ecologia e espiritualidade — temas que atravessam a trajetória do Projeto Omodé e dialogam com o contexto cultural do Vale do Ribeira.
Fábrica de Cultura de Iguape: um polo de criação e diversidade
Inaugurada em 2023, a Fábrica de Cultura de Iguape – Unidade Correio integra a rede de Fábricas de Cultura do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Poiesis – Organização Social de Cultura. Localizada no Centro Histórico de Iguape, o espaço abriga estúdios, salas de formação, laboratórios de criatividade e áreas de exposição voltadas ao desenvolvimento artístico e tecnológico.
A unidade atua como polo cultural do Vale do Ribeira, oferecendo oficinas, apresentações, residências e exposições que promovem o acesso democrático à cultura, à inovação e à diversidade de expressões artísticas.
Serviço
Exposição: Atabaque: da árvore à escassez da madeira, o couro repousa protegido perpetuado nos terreiros e tablados
Curadoria: Jéssica Martins
Realização: Projeto Omodé
Apoio: Fomento Cultura SP (PROAC) nº 26/2024 – Circulação de Exposição de Artes Visuais
Local: Fábrica de Cultura de Iguape – Unidade Correio
Endereço: Praça Engenheiro Greenhalgh, 01 – Centro Histórico, Iguape/SP
Período: 15 de novembro a 15 de dezembro de 2025
Entrada: Gratuita
