Jovens de Cananéia vencem feira de ciência com mapa sensorial da cidade

 

Adolescentes são bolsistas do Programa Jovem Pesquisador desenvolvido pelo Projeto Boto-cinza

 

Jovens de Cananéia vencem feira de ciência  com mapa sensorial da cidade
Jovens de Cananéia vencem feira de ciência  com mapa sensorial da cidade

Feira também contou com a presença de um segundo grupo, também do programa, que levou um jogo da memória com a temática do boto-cinza

 


O Ensino Médio de Cananéia foi destaque na 10ª Feira de Ciências do Vale do Ribeira (FECIVALE), realizada entre os dias 21 e 23 de outubro, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), campus Registro-SP. Por meio do Programa Jovem Pesquisador do Projeto Boto-cinza – uma realização do Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental –, dois grupos representaram o município.

O time que inscreveu o mapa sensorial do território de Cananéia venceu a categoria “Destaque Ensino Médio”, aliando ciência, arte e inclusão para permitir que qualquer pessoa explore o território da cidade de maneira sensorial. 

O segundo grupo apresentou o jogo da memória “Que Boto é Esse?”, com a proposta de aproximar o público da pesquisa científica de forma leve e divertida.

O grupo do mapa tátil foi formado pelos alunos Augusto Caetano Neves Pereira, Lorena Pontes David e Melissa Herminia Felizari, das escolas estaduais Professora Yolanda Araújo Silva Paiva e Professora Dinorah Silva dos Santos. Para a construção do trabalho, foi utilizado compensado naval – uma placa resistente usada na construção de navios e móveis – como base, além de elementos sensoriais como linhas, cordas, cores contrastantes e texturas variadas que representam rios, ilhas e áreas de relevo.

De acordo com Danielly Xavier, integrante da equipe de Educação Ambiental do Projeto Boto-cinza, durante as atividades do Programa Jovem Pesquisador, mapas, o Google Earth e outros materiais cartográficos são utilizados para estudar o território de Cananéia.

No entanto, os alunos sentiram a necessidade de tornar o conteúdo mais acessível e dinâmico — o que deu origem à ideia de elaborar o mapa tátil.

“A leitura de mapas é complexa, especialmente para pessoas que não trabalham diariamente com esse recurso. Por outro lado, é um conhecimento indispensável para compreender o contexto geográfico, cultural e histórico de uma região.

A necessidade de facilitar a temática surgiu dos próprios alunos. O nosso apoio, então, foi traduzir o conhecimento técnico de forma que eles pudessem construir o mapa tátil na interpretação deles.”, explica Danielly, coorientadora da atividade, sob a supervisão da geógrafa e pesquisadora do Projeto Boto-cinza, Silvia Zambuzi.

A bolsista Lorena Pontes conta que a principal motivação para a criação do mapa, junto aos demais colegas, foi facilitar a compreensão sobre o território de Cananéia para outros jovens.

“Com o mapa, nosso grupo conheceu Cananéia mais a fundo e por outra perspectiva, o que fez com que a gente se encantasse ainda mais. Queríamos mostrar isso para outros jovens também, o quanto a nossa cidade é especial. 

Levar esse trabalho para a feira foi uma experiência incrível, além de conhecer outros projetos, aprendi muita coisa nova, conheci pessoas e me senti mais confiante e determinada”, comemora a estudante.



Jogo da memória

Para a elaboração do protótipo do jogo da memória “Que boto é esse?”, junto à pesquisadora Mariane Barbosa — responsável pela fotoidentificação dos botos-cinza —, os Jovens Pesquisadores tiveram aulas teóricas e práticas e aprenderam como é feito o monitoramento da população da espécie no estuário de Cananéia. 

Posteriormente, transformaram o aprendizado no jogo, utilizando imagens reais dos animais catalogados no município.


Os pares do jogo são formados por imagens das nadadeiras dorsais — a fotoidentificação —, técnica usada pelos pesquisadores para reconhecer individualmente cada boto. “As dorsais foram impressas em papel cartão e reforçadas com EVA, tornando-as mais resistentes e fáceis de manusear. 

Um detalhe curioso é que o jogo conta com algumas cartas que trazem lados diferentes (direito e esquerdo) da dorsal, o que aumenta o desafio e aproxima ainda mais da realidade da técnica. Com esse jogo, o objetivo dos alunos foi aproximar a pesquisa científica de outros públicos de forma leve e divertida”, explica Danielly.

“Aprendi muito sobre a pesquisa em campo, sobre o boto-cinza e sobre o ecossistema que temos em Cananéia. Poder levar esse conhecimento científico de forma leve e divertida na feira, para outros jovens, foi muito satisfatório. 

Foi minha primeira feira; nunca imaginei que poderia participar de um evento assim. Foi uma troca de experiências muito bacana, porque a gente levou conhecimento, mas também recebeu muito”, conta Cíntia Martins, integrante do grupo do jogo da memória.



A FECIVALE é organizada pelo IFSP, campus Registro-SP, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Lançada em 2016, tem como objetivo contribuir para a ampliação, desenvolvimento e fortalecimento da ciência e tecnologia no Vale do Ribeira. Nesta edição da FECIVALE, foram inscritos aproximadamente 120 trabalhos, de 23 instituições e mais de 15 municípios.



Visão de futuro

De acordo com Caio Noritake, coordenador do Projeto Boto-cinza, a participação na feira tem o potencial de ampliar as perspectivas de carreira dos bolsistas. “Eventos como a FECIVALE estimulam o protagonismo juvenil e mostram aos bolsistas que a ciência pode ser um caminho de transformação pessoal e profissional. 

Eles aprendem a comunicar ideias, defender seus projetos e enxergar novas possibilidades de futuro — inclusive de carreira. E esse é justamente o propósito do Programa Jovem Pesquisador: formar líderes integrados à região em que vivem, munidos de experiência e conhecimento, para que se tornem conscientes das riquezas culturais, históricas e naturais de Cananéia e, inclusive, vejam nesses patrimônios uma oportunidade de carreira”, finaliza o coordenador.

O Programa Jovem Pesquisador integra a estratégia de atuação em Educação Ambiental do Projeto Boto-Cinza, que atua em Cananéia há mais de 40 anos, buscando o conhecimento e a conservação do boto-cinza (Sotalia guianensis), espécie ameaçada de extinção.

Sobre o Projeto Boto-Cinza

O Projeto Boto-Cinza é uma iniciativa do IPeC que visa o conhecimento e a conservação desta espécie, bem como do seu habitat. As atividades tiveram início na década de 80 na região de Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo. Ao longo deste período foram desenvolvidos inúmeros trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado com o apoio do Instituto de Pesquisas Cananéia e parcerias com diferentes instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior. Além da pesquisa científica, a equipe do projeto promove atividades de educação, conscientização ambiental e valorização da cultura local, o que confirma seu papel como importante colaboradora na busca de soluções para os problemas socioambientais da região. O projeto participa de redes gestoras das áreas ambiental, turística e cultural e os resultados dos estudos desenvolvidos são disponibilizados, passando a ser incorporados em pautas de discussões da agenda local.
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