Seminário do Programa Alimentar o Futuro promoveu troca de experiências e práticas em educação nutricional
No início de maio, representantes de 18 municípios do Vale
do Ribeira e região se encontraram no auditório do SENAI Registro para debater
os desafios da implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE). O evento, intitulado 2º Seminário Regional Alimentar o Futuro Vale
do Ribeira – Fortalecimento do PNAE, reuniu 41 nutricionistas e técnicos e
foi realizado pelo Programa Alimentar o Futuro em parceria com o
Conselho Regional de Nutricionistas – CRN-3.
Com
coordenação de Jeanice Aguiar e Legiane Ligamonti (CRN-3), o seminário teve
como principal destaque a troca de experiências entre os municípios, permitindo
que dificuldades enfrentadas atualmente fossem abordadas a partir de soluções
já aplicadas com sucesso em cidades vizinhas.
A capacitação
iniciou com um panorama da alimentação escolar no Brasil, desde a Campanha da
Merenda Escolar (1955). A política pública se expandiu, mas com alimentos
limitados. Em 1994, mudanças legais permitiram repasse direto de verbas aos
municípios, ampliando o atendimento e promovendo a inclusão de alimentos
frescos e regionais.
Problemas
e soluções
Os
participantes foram organizados em grupos para refletir sobre o PNAE como
política pública. As discussões ressaltaram o forte papel social da alimentação
escolar – que, em muitos casos, representa a única refeição diária de diversas
crianças – e trouxeram à tona dificuldades enfrentadas pelos nutricionistas
presentes, principalmente a falta de pessoal e condições inadequadas de
infraestrutura, mas também a rejeição de certos alimentos pelas crianças.
Uma das
participantes que pediu para não ser identificada compartilhou sua experiência
numa escola com condições precárias para manuseio dos alimentos. “Da forma como
estava, o alimento poderia ser contaminado e a cidade corria risco de ter um
surto de Doença Transmitida por Alimento (DTA). Fiz a solicitação de mudanças
necessárias inúmeras vezes, até que me vi obrigada a denunciar para a
vigilância sanitária. Quase perdi meu cargo”, confessou.
Na atividade
seguinte, houve a partilha de desafios atuais e situações já superadas. A
dinâmica demonstrou que problemas enfrentados por alguns municípios já haviam
sido solucionados por outros, promovendo uma troca efetiva de aprendizados e
alternativas entre os participantes. Em Apiaí, por exemplo, onde apenas uma
nutricionista é responsável por 2.100 alunos, uma parceria com a Secretaria de
Saúde permitiu que os alunos pudessem realizar uma avaliação antropométrica.
SESI: a
cozinha modelo
A proximidade
entre o SENAI e o SESI em Registro possibilitou a realização de uma atividade
extra, que agregou valor à capacitação dos profissionais participantes.
Organizados em grupos, eles visitaram as instalações do SESI, incluindo o
estoque, a cozinha e o refeitório, todos equipados com infraestrutura de
excelência. A visita teve como objetivo apresentar uma referência de estrutura
ideal, servindo de inspiração para que os municípios aprimorem seus próprios
espaços de alimentação escolar.
Atividades
de educação nutricional
A parte da
tarde foi dedicada à Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e a agricultura
familiar. Destacou-se a importância da aproximação entre os nutricionistas e a
equipe pedagógica para a elaboração de atividades com base na Base Nacional
Comum Currícular, além da troca de boas práticas entre as cidades.
Experiências
positivas foram compartilhadas, como a de Apiaí, onde a articulação com
pedagogos viabilizou a inclusão de uma oficina de nutrição na grade de uma
escola de tempo integral. Também foram apresentados desafios, como a baixa
aceitação do peixe no cardápio escolar em diversas cidades do Vale, apesar da
fartura do alimento na região.
A
resistência, atribuída tanto à falta de hábito das famílias quanto ao costume
de consumi-lo apenas frito, reforça a necessidade de ações educativas. Por
outro lado, casos de sucesso mostram avanços na diversificação alimentar:
Juquitibá conseguiu inserir cogumelos da agricultura familiar nas refeições, e
Ilha Comprida incluiu a pitaia no cardápio, ampliando o contato dos estudantes
com alimentos saudáveis e regionais.
O segundo
seminário regional faz parte de uma série de eventos voltados à promoção da
segurança alimentar e nutricional na infância, realizados pelo Programa
Alimentar o Futuro – iniciativa da FIESP executada em parceria com o CIESP
e o SESI-SP. O próximo encontro,
previsto para julho, pretende retomar a discussão sobre políticas públicas e
verificar quais avanços foram realizados desde o primeiro seminário, em abril.
![]() |
Municípios do Vale do Ribeira compartilham soluções para a alimentação escolar em seminário |