Alta de 44 por cento em matrículas de autistas reflete inclusão escolar

Especialistas descartam a ideia de epidemia e apontam avanços no diagnóstico, na formação de professores e no engajamento das famílias como motor desse crescimento.

Alta de 44 por cento em matrículas de autistas reflete inclusão escolar
 Alta de 44 por cento em matrículas de autistas reflete inclusão escolar



CURITIBA, 27 de maio de 2025 – Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado uma mudança significativa no cenário educacional: nunca se falou tanto sobre autismo e inclusão. Dados do Censo Escolar mostram que, entre 2023 e 2024, o número de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) matriculados em escolas brasileiras saltou de 636 mil para mais de 918 mil — um aumento de 44,4%.


Esse crescimento expressivo levanta uma pergunta importante: por que estamos vendo tantos novos casos? 

A resposta não está em uma epidemia, mas sim em avanços sociais e estruturais que têm transformado o modo como o autismo é percebido, diagnosticado e acolhido — dentro e fora da sala de aula. 

Alta de 44 por cento em matrículas de autistas reflete inclusão escolar
 Alta de 44 por cento em matrículas de autistas reflete inclusão escolar



De acordo com o especialista em inclusão e educação para pessoas com TEA, Professor Nilson Sampaio, cinco fatores contribuem para esse aumento:

Diagnóstico mais precoce e acessível: Profissionais da saúde estão mais capacitados para identificar o autismo em idades menores, possibilitando que crianças entrem na escola com laudo médico e recebam atendimento especializado desde o início da vida escolar.

Redução do tabu e maior circulação de informação: O Transtorno do Espectro autista ganhou grande visibilidade devido à divulgação em redes sociais, conteúdos educativos e rodas de conversa que vem acontecido com cada vez mais frequência. Sampaio destaca que uma comunicação leve e empática sobre inclusão tem sido fundamental para mudar percepções e atitudes na escola.


Inclusão escolar em prática: As leis garantem o direito à educação para todos, inclusive para alunos autistas. Embora ainda em processo, a adaptação das escolas tem avançado por meio da oferta de Atendimento Educacional Especializado (AEE), da formação continuada de professores e de mudanças no ambiente físico e pedagógico. No entanto, como destaca o professor Nilson Sampaio, “inclusão não é só aceitar, mas transformar o jeito de ensinar.”


Dados oficiais mais precisos: Antes, muitas crianças autistas não eram formalmente identificadas nos registros escolares. “Com diagnósticos mais claros e sistemas de registro aprimorados, o número real de alunos com TEA começa a ser refletido nos dados oficiais”, explica Sampaio.

Famílias mais informadas e engajadas: Pais e responsáveis estão mais conscientes de seus direitos e exigem um olhar acolhedor das escolas. “O conteúdo compartilhado por educadores especializados tem sido crucial para fortalecer essa rede de apoio”, afirma o especialista.

Para Sampaio, o aumento nas matrículas não é apenas um número, mas o reflexo de uma sociedade que caminha para a inclusão real e o respeito às diferenças.

 “Essa mudança exige empenho coletivo de famílias, escolas, profissionais de saúde e gestores públicos para garantir que as crianças e adolescentes com autismo tenham acesso a uma educação de qualidade, com empatia e respeito à diversidade”, destaca o especialista.

Portanto, o aumento nos números reflete não apenas o crescimento das matrículas, mas também o avanço na identificação, na visibilidade e na construção de uma educação pautada na empatia e no respeito à diversidade. 

“Quando entendemos o autismo para além do diagnóstico, conseguimos olhar para o aluno como sujeito de direitos e potencialidades. A escola precisa ser esse espaço que acolhe, respeita e ensina na diversidade”, completa o educador.


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