A Black Friday consolidou-se como um dos eventos mais relevantes do varejo brasileiro. Entretanto, em 2025, o cenário econômico exige maior cautela, visto que os consumidores demonstram menor disposição para compras por impulso.
Para grande parte dos empresários, insistir nas mesmas estratégias adotadas em anos anteriores pode resultar em perda de tempo e de caixa.
Felipe Junqueira, especialista em gestão financeira e fundador da consultoria Números Falam, enfatiza que as empresas devem encarar a data com mais pragmatismo e menos expectativa. Segundo o especialista, a Black Friday de 2025 não será impulsionada pelo apetite de consumo, embora isso não impeça que as empresas aproveitem a ocasião de maneira estratégica.
Conforme afirma Junqueira, “a Black Friday não vai ser tão forte quanto as empresas pensam. As pessoas não têm muito dinheiro para gastar”. Diante desse quadro, o evento torna-se uma oportunidade relevante para o varejo realizar a queima de estoque e reforçar o caixa.
O especialista recomenda que não haja receio quanto à concessão de descontos significativos em produtos encalhados, podendo-se comercializá-los a preço de custo ou mesmo abaixo desse valor.
Essa prática, embora pareça contraintuitiva, é justificável porque o estoque parado perde valor diariamente e demanda tempo da equipe para organização, contagem e manutenção.
Além disso, observa-se com frequência que empresas mantêm estoque de baixa rotatividade ao mesmo tempo em que carecem de produtos com alto giro, situação considerada inadequada do ponto de vista gerencial.
O objetivo da queima de estoque, portanto, é gerar entrada de recursos e possibilitar a aquisição de mercadorias estratégicas para o período de Natal, contribuindo também para o aumento da motivação da equipe.
Para empresas prestadoras de serviços, a data configura oportunidade para conquistar novos clientes mediante ofertas pontuais que permitam ao consumidor experimentar o serviço sem realizar grandes investimentos.
Essa estratégia pode favorecer a entrada em novos mercados. No entanto, Junqueira alerta para a necessidade de cautela: a venda excessiva de serviços promocionais pode comprometer a capacidade de entrega. Como medida preventiva, recomenda-se a limitação da quantidade desses serviços ofertados.
Ao longo dos últimos anos, o especialista acompanhou casos de empresas que enfrentaram dificuldades ao tentar aproveitar a Black Friday sem considerar sua realidade financeira.
Em contrapartida, outras organizações obtiveram resultados expressivos ao utilizar a data como instrumento de reorganização e fortalecimento estratégico.
Para 2025, a recomendação segue essa lógica: transformar a Black Friday em uma decisão inteligente de gestão, e não apenas em um evento promocional.
Nesse contexto, a pergunta central para o empresário deixa de ser “quanto vou lucrar na Black Friday?” e passa a ser “como essa ação contribuirá para fortalecer o próximo ciclo da minha empresa?”.
