Vale do Ribeira acompanha com apreensão negociação sobre importação de banana do Equador

Na última segunda-feira, dia 18, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, em Brasília, o presidente do Equador, Daniel Noboa, em uma reunião oficial no Palácio do Planalto.

Vale do Ribeira acompanha com apreensão negociação sobre importação de banana do Equador
 Vale do Ribeira acompanha com apreensão negociação sobre importação de banana do Equador

Vale do Ribeira acompanha com apreensão negociação sobre importação de banana do Equador
 Vale do Ribeira acompanha com apreensão negociação sobre importação de banana do Equador



Entre os temas tratados, esteve a possibilidade de abertura do mercado brasileiro para a importação de banana equatoriana, em contrapartida à exportação de carne suína brasileira para o Equador.

O anúncio causa apreensão entre os produtores do Vale do Ribeira, maior polo produtor de banana do Brasil. 

Isso porque, até hoje, o Brasil nunca autorizou a importação de banana de outros países — um fato inédito na história da nossa balança comercial.

A banana é a fruta fresca mais consumida no mundo. O Brasil, além de ser o maior consumidor global, ocupa a posição de quarto maior produtor, com 6,6 milhões de toneladas anuais, cultivadas em 455 mil hectares, sendo metade da produção proveniente da agricultura familiar. 

O setor movimenta cerca de R$ 13,8 bilhões por ano e gera aproximadamente 500 mil empregos diretos, exercendo papel social fundamental graças ao seu preço acessível.

A importância socioeconômica da bananicultura torna essencial a manutenção da sustentabilidade produtiva. 

Doenças que podem afetar e destruir os Bananais do Brasil


No entanto, a atividade já enfrenta sérios desafios relacionados a doenças como sigatoka amarela, sigatoka negra e a murcha de Fusarium, que reduzem a produção e elevam os custos de controle. 

A maior preocupação atual é com a possível entrada no país da raça 4 do fungo Fusarium, para a qual não existem variedades resistentes nem formas de controle efetivas. 

Essa doença ainda não chegou ao Brasil, mas já foi detectada na Colômbia e no Peru, o que aumenta o risco fitossanitário de uma abertura de mercado para a banana equatoriana.

Além da ameaça sanitária, também existe o risco econômico: os produtores temem que a entrada de banana importada provoque queda nos preços internos, forçando a venda abaixo do custo de produção e inviabilizando a atividade.

No Vale do Ribeira, onde a bananicultura é a base da economia, esse impacto seria devastador para milhares de famílias.

De acordo com informação oficial divulgada pelo Governo Brasileiro, os presidentes manifestaram disposição de trabalhar por um comércio bilateral mais equilibrado, ampliando o acesso de produtos equatorianos ao mercado brasileiro. 

O presidente Lula assegurou que o governo dará início a esse processo com o cumprimento de uma decisão judicial que determinou a reabertura do mercado para a banana produzida no Equador, começando pela banana desidratada. 

Até o fim do ano, será concluída a análise de risco para a banana in natura. Lula também destacou a possibilidade de retomar a importação de camarão do Equador e expressou a expectativa de que o governo equatoriano abra espaço para produtos brasileiros, como a carne suína.

Diante desse cenário, os produtores e lideranças regionais reforçam a necessidade de um debate amplo e responsável sobre a questão, para garantir a saúde da produção nacional, a segurança alimentar e a sustentabilidade da bananicultura brasileira.
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