Escrever não é algo natural: exige dedicação, prática e, principalmente, leitura.
Na semana entre 16 e 20 de Agosto de 2021, a Biblioteca do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) campus
Registro promoveu a VII Semana da Leitura. Nela, diversos pesquisadores e
estudantes apresentaram conteúdos extremamente relevantes, entre eles um
workshop de escrita. Isso demonstra que escrever não é algo natural: exige
dedicação, prática e, principalmente, leitura.
Quando escrevemos, não transpomos nossas ideias no papel sem
antes elas passarem por diversos filtros: moral (posso escrever isso?), contextual (e o que isso tem a ver?), público (quem irá ler isso?) e, entre outros diversos filtros, o filtro da
linguagem. Como organizar o pensamento sem um vasto vocabulário que dê conta de
materializar essa nuvem etérea?
Manter o exercício da escrita, produzindo textos
mensalmente, não é uma tarefa simples tampouco fácil. Assim como abordado na
coluna anterior (Fernando Pessoa e eu), no momento em que sentamos para
escrever, tentamos fazer um recorte das mil ideias que se passaram em nossas
mentes. Escrever para esta coluna nos movimenta enquanto psicólogos e enquanto
pessoas.
Mas, às vezes, nossa auto estima nos sabota, e uma voz no
meio de nossos pensamentos nos faz indagar se aquilo que estamos escrevendo é
importante. Por que alguém iria querer saber disso? E apagamos aquele rastro
que ficaria para posterioridade. Ainda bem que Carolina de Jesus não teve seus
registros sabotados por si mesma, e hoje sua escrita atravessa o século
despertando emoções.
Muitas vezes, enquanto psicóloga, ouvi a frase “mas os meus
problemas não são tão importantes, tem gente pior”. Para nós, essa métrica do
sofrimento não procede. Durante a graduação, conheci uma psicóloga, professora
e pesquisadora que dedicou sua carreira a investigar e registrar as narrativas
de grupos fragilizados (operárias e idosos, por exemplo) de forma extremamente
sensível, escutando aqueles considerados números, engrenagens ou massa. Ecléa
Bosi, falecida em 2017, foi a psicóloga que oportunizou o espaço para que
tantas memórias de vida tivessem seu merecido lugar na história e na
universidade.
E, a partir desta lembrança da professora Ecléa Bosi,
aproveito para destacar que no dia 27 de agosto é celebrado o Dia da Psicóloga.
Profissional que contempla em sua formação a aplicação do conhecimento duro da
estatística, o diálogo com o cartesianismo da ciência, a sensibilidade da arte
e a empatia que proporciona uma escuta não só qualificada, mas também
acolhedora. A todas as psicólogas e psicólogos, especialmente aos do Vale do
Ribeira/SP, parabéns pelo nosso dia. Do luto à luta!
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