Onçafari finaliza
primeira campanha na Reserva com diversidade de registros; mamíferos são
maioria e onças-pardas se destacam
A parceria entre o Onçafari, criado
para estudo e conservação da vida selvagem, e o Legado das Águas, maior reserva
privada de Mata Atlântica do país, já apresentou os primeiros resultados
significativos. Em menos de dois meses, as armadilhas fotográficas (nome dado
às câmeras fotográficas instaladas na floresta) registraram mais de 1.100
animais de 27 espécies diferentes. A diversidade de espécies evidencia a
qualidade das florestas da Reserva e a efetividade da estratégia do trabalho
conjunto.
A instalação das câmeras faz parte da
primeira fase do projeto entre o Onçafari e o Legado das Águas, que visa
realizar o levantamento populacional de onças-pardas e pintadas para ações de
proteção desses felinos na Mata Atlântica.
No fim de agosto, foram instaladas 19
câmeras de monitoramento, fornecidas pela Log Nature e colocadas pelo Onçafari
em diversas áreas do Legado das Águas, com objetivo principal de registrar os
grandes felinos. Os resultados são animadores: foram feitos 22 registros de
onças-pardas já na primeira campanha (período de tempo entre a instalação da
câmera e retirada para coleta das imagens), em sete pontos diferentes da
Reserva. Deste total, foi possível identificar uma fêmea, 10 machos, e quatro onças-pardas
que não tiveram o gênero identificado, podendo ser a mesma onça, ou indivíduos
diferentes.
Conforme explica Victória Pinheiro,
bióloga responsável pelo projeto no Legado das Águas, as câmeras são instaladas
na floresta, de forma camuflada e equipadas com sensores infravermelhos –
imperceptíveis e inofensivos para a fauna – que disparam quando o animal passa
por elas, gerando vídeos de 15 segundos. “Com ajuda da equipe de monitoramento
do Legado das Águas, conseguimos instalar as câmeras em locais estratégicos, ou
seja, onde há mais possibilidades de os animais passarem, com isso, aumentamos
as chances de registros”, descreve.
Com a instalação nesses locais mais
propícios, as onças-pardas foram filmadas enquanto realizavam diversas
atividades, como caminhadas tranquilas, exploração olfativa e marcação de
território, comportamentos também registrados nos outros animais filmados. Dos
1.100 registros, 980 foram de mamíferos, com destaque para queixadas (546),
marsupiais (113), roedores (93) e antas (81). Outros registros de mamíferos
também tiveram destaque na primeira campanha: gato-mourisco e gato-maracajá,
duas espécies ameaçadas de extinção, além de vários registros de jaguatiricas.
As câmeras flagraram também outras
espécies como o cateto, irara, mão-pelada, tamanduá-mirim e tatu-do-rabo-mole, além
do Canjica, o macho da dupla de antas albinas (Canjica e Gasparzinho) do Legado
das Águas. O albino foi registrado em uma das trilhas da Reserva preferida
pelos turistas, a da Copaíba-Prainha, que tem trechos terrestres e aquáticos,
condições ideias para rotina das antas devido à disponibilidade de água.
Fora os mamíferos, um dos registros que
chamou a atenção foi de um casal de jacutingas, espécie endêmica da Mata
Atlântica (só existe nesse bioma) e em perigo de extinção.
Refúgio para espécies ameaçadas
Atualmente, o Legado das
Águas é abrigo para 13,5% de todas as espécies animais ameaçadas de extinção na
Mata Atlântica no país. De acordo com Daniela Gerdenits, coordenadora de parcerias
e responsabilidade social do Legado das Águas, os resultados da primeira
campanha demonstram o potencial da parceria com o Onçafari. “A diversidade de
espécies registradas em tão pouco tempo, só reforça o valor da área do Legado
das Águas para biodiversidade do bioma, e como essas parcerias são importantes
para o monitoramento desses animais. Embora onças-pintadas ainda não tenham sido
registradas, temos bastante esperança, visto que foram filmadas espécies que
fazem parte da cadeia alimentar desse felino”, diz.
Com as informações
coletadas em campo, principalmente das onças-pardas e pintadas, a parceria
entre o Onçafari e o Legado das Águas, terá a oportunidade de desenvolver
pesquisas para conservação dessas duas espécies de felinos e, em um segundo
momento, a intenção é fomentar o ecoturismo de observação de fauna na Reserva.
Sobre o Legado das Águas – Reserva Votorantim
O Legado das Águas, maior reserva privada de Mata Atlântica do país, com extensão aproximada à cidade de Curitiba (PR), é um dos ativos ambientais da Votorantim. Localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, a área foi adquirida a partir da década de 1940 e conservada desde então pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que manteve sua floresta e rica biodiversidade local com o objetivo de contribuir para a manutenção da bacia hídrica do Rio Juquiá, onde a companhia possui sete usinas hidrelétricas.
Em 2012, o Legado das Águas foi transformado em um polo de pesquisas
científicas, estudos acadêmicos e desenvolvimento de projetos de valorização da
biodiversidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo.
Hoje, o Legado das Águas é administrado pela empresa Reservas Votorantim,
criada para estabelecer um novo modelo de área protegida privada, cujas
atividades geram benefícios sociais, ambientais e econômicos de maneira
sustentável.
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