Num
país onde a educação sempre foi relegada a segundo plano, a TV aberta assumiu,
nas últimas décadas, relevante papel. Não resta dúvida que a telinha, hoje, é a
maior “educadora” do país, em tudo o que implica na (des)formação do indivíduo,
principalmente da criança e do adolescente.
Os
diferentes governos trataram de jogar a educação para escanteio; afinal, um
povo alfabetizado, consciente de seus direitos, não deixa passar batido as
mazelas dos nossos governantes. É preferível manter o povo enterrado no
analfabetismo e na ignorância: uma população entretida com futebol e com os
besteiróis televisivos não vai se preocupar com as suas carências sociais etc.
Que
falte saúde, que falte educação, que falte comida, desde que todo dia possa
ligar na Globo e ver a sua programação, está tudo muito bom. Não é a toa que os
romanos dominaram o mundo por tanto tempo: eles davam ao povo pão e circo. De
barriga cheia e entretendo-se com o espetáculo dos leões devorando cristãos, o
populacho não queria saber de outra coisa. No Brasil, temos circo; o pão é que
está meio em falta.
A
TV aberta faz a cabeça do povo; dita as regras e os costumes da sociedade. A
influência das novelas na vida do brasileiro vem sendo devidamente estudada;
muito do comportamento atual da sociedade foi (e é) influenciado pelos
folhetins televisivos, principalmente os “globais”. A novela retrata a classe
média carioca e paulista no que ela tem de pior, com todas as suas
mesquinharias e desvios de conduta.
A
cultura do lixo domina a televisão brasileira. Não tenho dados para afirmar se
essa tendência é mundial. Na TV aberta de hoje tudo é válido. Não se respeitam
faixas etárias, cenas sensuais quase explícitas são apresentadas a qualquer
hora do dia, como se tudo fosse natural.
A
publicidade também apela para o sensualismo: até mesmo comerciais de
refrigerantes e roupas colocam casais de jovens em cenas picantes. E a
sociedade aceita passivamente todo esse festival de “liberalidade”.
Ligar a TV aberta aos
domingos nem pensar. Os programas disputam o “Troféu Tudo é Permitido”. E, como
não pode sair às ruas, porque lá fora o bandido o espera, o cidadão é obrigado
a ficar entre quatro paredes engolindo o lixo que a TV lhe empurra diariamente
goela abaixo.
ROBERTO FORTES, escritor e poeta, é licenciado em Letras e autor do livro de contos “O Tucano de Ouro - Crônicas da Jureia” (2012), além de centenas de crônicas e artigos publicados na imprensa do Vale do Ribeira. E-mail: robertofortes@uol.com.br
(Direitos Reservados. O
Autor autoriza a transcrição total ou parcial deste texto com a devida citação
dos créditos).
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