Na era da informática, do
ciberespaço e da internet sem fio, já caíram em desuso as correspondências
escritas à mão e enviadas pelo correio. Eu mesmo, que já fui um prolixo
escrevinhador de cartas, hoje apenas me correspondo com amigos e conhecidos
através de e-mails ou pelas redes sociais. Lá de vez em quando (mais em quando
do que em vez), digito uma carta, pelo computador, no Word, imprimo numa
impressora a jato de tinta e a remeto via correio. Mas é coisa rara.
Tudo, hoje, gira em torno
do computador (não se esqueça que o celular também é um computador), que parece
comandar as ações humanas. Apesar de toda essa modernidade, demorei um pouco
para renunciar à correspondência manuscrita e remetida via correio. Vez ou
outra trocava cartas com os escritores e historiadores Hernâni Donato
(1922-2012) e Paulo de Castro Laragnoit (1923-2011). Na contramão do chamado
“progresso”, eu tentava manter a velha tradição epistolar.
Comecei a escrever bem
cedo. Já no curso primário gostava de rascunhar pequenas histórias, que eu lia
para os meus amiguinhos, quando estudávamos no antigo Grupo Escolar “Vaz
Caminha”, em Iguape. Sempre fascinado pela arte de escrever, aos 16 anos,
comecei a colaborar com o “Jornal de Iguape”, um quinzenário
editado em minha cidade, com o qual colaborei assiduamente durante os seus dez
anos de heroica existência.
Eu era uma espécie de
faz-tudo. Escrevia reportagens, artigos históricos e, de quebra, ainda assinava
a coluna “Notas & Variedades”. Certa
vez, lembro que tirei uma nota baixa em Matemática (que nunca foi o meu forte).
Meu professor, brincando, disse para eu escrever menos e estudar mais...
Aos 18 anos, comecei a
colaborar com a “A Tribuna do Ribeira”, então o mais influente jornal da
região e, acredito, um dos mais importantes que já circulou por aqui em toda a
história do jornalismo valerribeirense. Basta dizer que nesse jornal
trabalharam jornalistas do quilate de Roberto Sassi, Valdir Dias, Rafael
Guelta, Maria Inês Alonso Notari, Sueli Correa, Mônica Nogueira Lima, Geni
Lopes Fernandes, Márcia Cola, além dos colaboradores J. Mendes, Ipê, Kagê, Avelsemog
Noziel Pedroso, Sesary, entre outros que me escapam da memória, já não tão boa
como antigamente. Para um jovem mal saído da adolescência era a glória poder
colaborar com um jornal de renome.
Certa vez, em 1981, ainda
durante o regime militar, escrevi uma crônica (“Governo do povo”), defendendo a democracia, no período em que o
então vice-presidente Aureliano Chaves assumiu a presidência da República,
devido à licença medica do presidente Figueiredo. O saudoso cidadão registrense
Eiro Hirota (1907-1983), então com 74 anos de idade, vulto dos mais
proeminentes da colônia japonesa da região, enviou ao jornal uma carta
intitulada “Para Roberto Fortes ler”,
na qual, entre outras passagens, escreveu: “Pela
primeira vez na minha restrita leitura em jornais, vejo a palavra ´Governo do
Povo´ proferida na boca de um brasileiro”, completando: “Entusiasmado,
espero suas crônicas acertadas nas futuras páginas do jornal ´A Tribuna do
Ribeira´”.
São
coisas desse tipo que animam este pouco inspirado escrevinhador a cansar a sua paciência,
benévolo leitor.
ROBERTO FORTES, escritor e poeta, é licenciado em
Letras e autor do livro de contos “O Tucano de Ouro - Crônicas da Jureia”
(2012), além de centenas de crônicas e artigos publicados na imprensa do Vale
do Ribeira. E-mail:
robertofortes@uol.com.br
(Direitos Reservados. O Autor autoriza a transcrição
total ou parcial deste texto com a devida citação dos créditos).
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