Sem mais impostos
Nos últimos meses, tenho me preocupado em ouvir os
empreendedores brasileiros para entender o quanto os índices de recuperação da
economia do País têm se refletido no dia a dia dos negócios.
Afinal, de nada
adianta o empresário assistir no jornal da noite na TV que a inflação está sob
controle e que o poder de compra do consumidor está aumentando se ele não
consegue perceber isso nas suas vendas e encomendas. Sabemos que o tempo de
reação da economia não é imediato, principalmente depois de anos de decisões
equivocadas, mas é preciso entender se estamos de fato no rumo certo.
As respostas que recebo são animadoras. Já não há
mais disposição em demitir, pelo contrário: as empresas estão mantendo seus
funcionários e algumas já pensam em ampliar o quadro de pessoal.
O faturamento,
que já havia parado de cair, agora começa a crescer. Também recebo boas notícias
de muitos empreendedores que estavam com a corda no pescoço, atolados em
dívidas, e voltaram a enxergar uma luz no fim do túnel – nesses casos, uma
consultoria especializada, como aquelas oferecidas pelo Sebrae-SP, tiveram um
papel primordial.
Há também outro fator positivo para os empresários:
a aprovação da reforma trabalhista deve trazer uma nova realidade para as micro
e pequenas empresas – que, como já apontei, são as responsáveis pelo maior
volume de empregos criados nos últimos meses.
Sem os entraves de uma legislação
desgarrada da realidade, como é a atual, creio que essa tendência vai se tornar
mais forte e os trabalhadores, por sua vez, terão maior segurança jurídica.
Há um ditado que diz que a diferença entre o remédio
e o veneno é a sua dose, e em economia isso faz todo o sentido. Todos nós
sabíamos que seria preciso apertar os cintos, que o governo precisaria
trabalhar com eficiência para reduzir gastos e também para encontrar fontes de
recursos, como as concessões e o reparcelamento de dívidas tributárias. Essa é
a dose certa.
O veneno é extrapolar esse ajuste nas contas, partindo para a
criação de mais impostos ou aumentando a alíquota de produtos que atingem
diretamente o bolso do consumidor, como os combustíveis. Essa não é a saída que
queremos.
Por isso, faço todo esse balanço: não quero aqui enxergar um copo
“meio cheio”, mas sim deixar claro que, no nosso entendimento, o Brasil está
seguindo o rumo certo e nós não podemos nos desviar.
Paulo Skaf é presidente do Sebrae-SP