Brasil X Sudão do Sul
Essa vai para você aprender
alguma coisa sobre o Sudão do Sul, o país mais novo do mundo, mas também para
saber sobre o nosso Brasil, o país mais sapeca do mundo.
Após Síria e Afeganistão,
o Sudão do Sul é o terceiro no ranking quando o quesito é crise humanitária
grave. Em relação ao Brasil, este pode ser considerado o primeiro do ranking do
Pão e Circo, novelinha e futebol, mesmo que o mundo desabe e você compre muitas
vezes um pão francês por mais de R$ 1 (um reausssss). E ainda se mantém
contente pelo fracasso do adversário.
Veja bem, não sinta vergonha de
rir do outro ou de achar engraçado, você tem em seu DNA essa coisa que te
permite fazer piada de tudo. O ruim é que no Sudão do Sul o censo de humor está
morrendo, assim como as crianças, os velhos e muitos outros em idade e condição
de ter uma vida plena. A mesma que você tem vendo futebol ou novelinha,
acompanhado do pão francês, ou ainda melhor, em seu celular e com as redes
sociais.
Se analisarmos ainda mais com
atenção, no Sudão do Sul, o pão deve estar mais caro, já que a inflação chega a
800% anualmente – isso se houver forma de obter farinha de trigo. Lá se morre
de fome, aqui no Brasil se morre de vergonha. Este se perde em disputas de
poder entre os chapolines e os fabianos de gravata em uma espécie de
Guerra Fria depois de décadas de atraso, afinal muito do ruim chega ao Brasil
anos depois. Aqueles, nem se fala.
O Brasil é o ator mundial
coadjuvante que pensa ser gigante e parece não ter ideia de que aqui também se morre
de desnutrição e até de sede. Mas eles continuam, suas piadas sobre perda de
poder, vergonha nacional e a minha bola é
mais bonita do que a sua.
Enquanto temos show de circo de
graça todos os dias, a guerra entre a etnia Dinka e os Noer pode vir a recomeçar
no Sudão do Sul. Trazendo assim ainda mais desgraças ao seu povo. Vocês podem
me dizer que isso não é nossa realidade ou está muito longe, e que o Brasil tem
muitas crises humanitárias. Eu concordo. Mas concordo com a barriga cheia de
quem come e tem pão na mesa. Assim como muitos de vocês.
O problema é que sempre vivi em
crise e na crise, afinal somos brasileiros e latino americanos. Enquanto os
africanos, estes sim sabem o que é uma crise em todos os sentidos. Atualmente
muitas organizações humanitárias estão lá para resolverem problemas básicos de
uma população destruída e no Brasil damos risada de nossos problemas crônicos.
A organização Médicos Sem
Fronteiras (MSF) lá está com seus hospitais operando milagres e tentam enxugar
o sangue e as epidemias. Aqui precisamos de uma organização como Políticos Sem
Fronteiras (PSF) para enxugar o gelo de nosso constante mau gerenciamento e
postura. Detalhe importante: o MSF é sem fins lucrativos e um possível PSF para
nos ajudar bem que o poderia ser também.
Salve o Brasil, mas sem dúvida, que
se salve o Sudão do Sul.
Por Roberto Dezorzi