Sobre aviões e submarinos
Há frases que começam a esbarrar
em nós sem motivo aparente. Talvez seja a nossa percepção que começa a prestar
atenção em pensamentos que estavam por aí há tempos à espera de quem os
acolhesse. É o caso de "Há mais aviões no fundo do mar do que submarinos
no céu".
Ouvi essa frase pela primeira vez
dentro de um vagão do metrô paulistano e, depois, a reencontrei na Internet
mais de uma vez.
Por que ela me soou como importante? Certamente porque traz para
mim algum significado a ser desvendado. No mundo da vida e da arte, tudo ganha
um sentido, que difere entre as sociedades, grupos e indivíduos.
Muitas vezes aqueles que parecem
aviões supersônicos, além do conhecido, mergulham na densidade do mar profundo,
onde viram destroços a serem encontrados muito tempo depois por
mergulhadores/pesquisadores atentos.
Quantos cientistas, artistas e intelectuais
não passaram por isso?
E há aqueles, como Cora Coralina,
na literatura, e Clementina de Jesus, na música, que ficaram escondidos, como
submarinos, embaixo do mar, até ganharem espaço e alçarem voo.
Haveria mais
aviões afundados que submarinos no ar? Não sei. Mas creio que pensar sobre tudo
isso nos torna mais felizes e humanos.
Oscar D'Ambrosio, Doutor em
Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na
Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
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